A famosa frase do Andy Warhol “no futuro todos serão famosos por 15 minutos” envelheceu.
No mundo digitalizado e rapidíssimo nas notícias, como o de hoje, com mídias de alcance mundial e fácil acesso (YouTube, MSN, E-mail, Twitter, Buzz, Blogs, etc), eu me atreveria a reescrever a sacada do Warhol. E diria: “hoje todos serão famosos em 15 segundos”.
As provas disso acontecem todos os dias. De repente qualquer anônimo José Manuel (popularmente “Zé Mané”) vira personalidade. Vai pra mídia. Dá entrevistas, autografa fotos, faz e acontece.
Enfatizo que o fenômeno Zé Mané não se restringe aos marmanjos. Também pode ser mulher, jovem ou velho, feio ou bonito, inteligente ou cabeção. É um ícone de mil caras que, repentinamente, ganha destaque por alguma atitude de grande impacto midiático.
Aquela cantora Susan Boyle - mal produzida e desajeitada que deu um cala-boca nos jurados do American Idol inglês, é um exemplo de Zé Mané que virou celebridade da noite pro dia. Sua apresentação foi vista no YouTube por mais de 100 milhões de pessoas em todo mundo.
Jovens inquisidores.
Mas o (ou a) Zé Mané da hora é um produto nacional recém-saído do anonimato e já com todas as luzes da ribalta iluminando sua ofuscante presença gordinha e cor-de-rosa: a garota que cismou de ir na faculdade com saia curtinha tipo Betty Boop.
Nossa! Virou notícia internacional, não só porque seus jovens colegas, inquisidores do século 21, decretaram ser necessário encher a menina de porrada castigando-a pelos centímetros a menos de seu vestido. Mas também porque a Universidade, em vez de agir como aquilo que é ( pessoa jurídica que não não deve ter nervos, mas apenas cérebro), agiu como pessoa física contaminada pelo emocionalismo da massa enraivecida formada pelos estudantes. E, nesse pique, apaixonado e irracional, extrapolou na chibatada. Expulsou a “herege”.
Quem perdeu com isso? Não foi a Betty Boop que virou personalidade (tenha certeza: vai ser convidada pra participar de algum reality show ou aparecer sem a famosa minissaia numa revista masculina). A única perdedora foi a Universidade que ficou grudada no fio desencapado de mil volts, gritando feito gato pendurado pelo rabo enquanto tentava justificar o injustificável em meio a bolachadas gerais dos meios de comunicação, ministérios, promotorias e, claro, até de políticos espertos que surfaram na onda em favor próprio.
Resumo da ópera-bufa: o nome da instituição foi parar na mídia mundial, incluindo o sisudo New York Times.
Se fosse uma campanha publicitária paga, custaria milhões. Pena que foi uma campanha anti-publicitária, grátis. O azar da Universidade é que a memória das pessoas fixa os fatos negativos muito mais profundamente do que os positivos.
Assim, a curto ou médio prazo, não há comunicação que apague o carimbo “Universidade da minissaia”. Esse é o fruto desabençoado do anti-marketing que levou a instituição a subestimar o vespeiro que estava cutucando. De qualquer maneira, pra mim ainda tem um detalhe em aberto: como teria sido o telefonema da Universidade chamando a polícia pra resolver a bagunça?
Imagino que tenha sido assim:
(Toca o telefone na polícia. Alguém da Universidade fala):
-Seu guarda, a escola tá em perigo por causa de uma moça...
(Policial):
- Ela tá com bomba?
(Universidade):
- Não. Tá com minissaia...
(Policial):
- Desculpe mas a gente não atende o Afeganistão...
(Universidade):
- Mas tamos em São Bernardo...
(Policial inteligente, sabia das escolas islâmicas):
- É uma madraça?
(Universidade):
- Não... não tem madrasta...
(Policial desanima e encerra):
- Tô mandando a viatura.
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13 de nov. de 2009
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